quinta-feira, 7 de abril de 2011

Culpa Zero


imagem retirada do Blog Vida, da Luci Cardinalle

       "Culpa? Eu? Imagina....não sinto culpa alguma...nem teria por que. Sou muito bem resolvida." tsc, tsc. Apaga tudo! Que mentira vergonhosa...quem não sente uma culpa, de vez em quando?
        A minha maior culpa não é a de não ser mãe. Explico: sou Grace (nunca me chamaram de mãe, só de Grace). Nunca fui mãe, sempre fui Grace. E isso não me incomoda, não. Meus filhos (três) saíram de minha barriga, sim, foram criados por mim, educados por mim, mesmo quando trabalhava, ficavam por perto. Eu era dona do próprio negócio e não devia obediência a ninguém ( a não ser meu marido que achava que mandava em mim, mas eu fazia o que melhor fosse para todos).  Hoje, reconheço, a culpa sempre foi o que não fiz por mim. A Grace que não fui para mim. Quando, e se, meus filhos lerem esse post dirão que nunca fui tão atenciosa assim, que nunca me preocupei se eles tinham uma caminha quente, se a comidinha era gostosinha, se a roupinha era da marca que eles gostavam...mas eram, sim. Na surdina, me preocupei em oferecer a eles independência, sem que percebessem, fazia questão que tivessem , cada um, seu espaço, seu mundo e nele tudo que pudéssemos comprar: boas escolas, boas roupas, bons aparelhos eletro/eletrônicos (na época ainda não havia celular, sou velha?). Hoje são adultos (quase velhos, rsrsrsrs). O mais velho tem trinta (ih! me denunciei! sou velha!) e, espero, bem resolvidos. E eu? Me resolvi? Não sei...





        Quando abri mão de ir para a faculdade de belas artes, lá pelos anos oitenta, só pensei que ficaria muito tempo longe deles. Eles eram meu porto seguro, meu eixo. Não me arrisquei para não sofrer. Para EU não sofrer. A decisão foi minha. Eles foram a desculpa. Estavam sempre por perto, mesmo quando passavam folgas com a avó, com a tia. Dei asas a eles desde muito cedo, voavam, mas voltavam ao ninho. Tinham muita liberdade, vigiada, nem percebiam que eu os monitorava, sempre de olho, com pouca interferência.
       Não senti, nem sinto, culpa de mãe. Sinto culpa de Grace. A Grace que, hoje, pode sentar aqui e escrever a noite inteira, se quiser, mas não escreve, porque precisa dormir para acordar cedo e fingir que não se preocupa em fazer café (nisso sou muito boa: finjo que não estou nem aí...), "não me preocupo em fazer comida", "não me preocupo se tem roupa lavada", "não observo os bons/maus humores e faço implicância". Depois, lá na cama, penso que devia ser mais mãe e menos Grace. Mas, como ser uma pessoa, se não consegui ser a outra na plenitude? E a culpa me consome...não sou de paparicos, não faço mingauzinho, não engomo roupa, não lavo tênis caro no tanque, nem passo calça jeans! Não sou mãe!

Obrigada

6 comentários:

Pri disse...

Grace,

que bom que você não sente culpa de ser a mãe que foi. que bom que suas escolhas do passado não te incomodam. Mas as suas escolhas do presente são suas pra fazer. Se a culpa te consome agora por conta delas, você pode mudar. Uma coisa de cada vez.

Ou então, que tal simplesmente deixar de se cobrar essas coisas de verdade? E não apenas ficar fingindo que não liga? Tenta.

Tenta ficar realmetne no #culpazero

=)

Um beijo grande!!!!

www.cantinhodapiu.com
@pri_sobrinho

orvalho do ceu disse...

Olá, querida
Gostei de como redigiu a sua ideia sobre o Tema... bem induziva...
Aprendendo estou a ter mais consciência de culpa do que remorso que nunca me trouxe benefício algum...
Bjs de paz e culpa zero.

Dulce Miller disse...

Impossível dizer que não existem ou não existirão mais culpas, porque isto é inerente à vontade de nós, seres humanos. Mas se a gente puder refletir e principalmente ponderar nossas atitudes e agir sempre de forma correta com as pessoas que nos cercam, com certeza as culpas diminuirão e muito na nossa mente. As culpas muitas vezes estão ali e somente ali, fixadas na mente, sem fundamento algum para existirem de fato.

Acho que vale a reflexão.

Lu Souza Brito disse...

Oi Grace,

Achei ótimo seu post. Uma visão diferente. Estou gostando muito e aprendendo com o que li nesta blogagem.
E tive que rir com a sua conclusão, "nao sou Mae",por nao fazer estas coisas que toda mãe se mata por fazer! ahahahah!

Neli Alves disse...

Legal o seu post. Amei. Estou me divertindo e aprendendo com essa blogagem. Mulher é tudo! Cada uma mais interessante que a outra.
Parabéns. Bjks.

Bel Alves disse...

Mai uma vez em todos os blogues que chego, uma novidade diferente e irreverente.Mas temos que ser o que nós somos e basta, sem culpas...Seu cantinho é muito bom...Paz e bem

Recomeçando

                                     Recomeçando           Hoje é e sempre será um dia especial. Dia marcado pela fatalidade. Dia de repensa...